“A felicidade é uma recompensa para quem não a procura.” (Anton Tchekhov)
Por que se pensa em recompensa? Por que a Lei da atração atrai inúmeros adeptos que creem que pensamentos positivos atraem as forças do Universo a favor? Seria a Lei da semeadura, aquela que diz que todo mundo colhe o que planta, uma verdade incontestável? Esse tipo de crença é fato absoluto… indubitável? Relativo! Não dá para fazer de experiências que não são absolutas, regra! Existem exceções! Nada mais frustrante para os seres humanos do que acreditar que a vida é tão simplista como tentam explicar. Dizem: “façam o bem e serão recompensados”. Nem sempre! Argumentam: “ele recebeu o mal porque mereceu… é o preço pago pela sua maldade”. E as crianças que enfrentam o câncer, a dor, a rejeição, a fome? Mereceram? Recompensa por suas vidas “pecaminosas”? Claro que não!
Nada mais frustrante para o ser humano saber que a vida é tão complexa que não se pode formular uma regra para poder explicá-la. Quem entende os mistérios da vida? Quem pode saber os caminhos inóspitos que nos esperam? Não dá para negar que certas sementes que se plantam, se colhem. Mas daí a experiência de alguns virar uma Lei ou uma regra, já é um erro. Recompensas existem, são frutos do esforço, da diligência, da perseverança, da dedicação, do amor, etc. Mas temos que viver com a possibilidade de que nem sempre somos recompensados. Isso dói, mas é verdade! Inventaram o carma para aliviar o fardo, amenizar a dor… doses homeopáticas de crença em um carma para sanar o sofrimento. Ou seria o carma uma maneira de alienação… de conformismo? Seria uma maneira de nos fazer resignar e não encarar de frente o problema? Aceitar a dor como a recompensa por um erro de uma “vida passada” que nem me lembro? A Lei do carma, da recompensa, da atração, da semeadura, leis que querem impor uma ordem de coisas que não se sustentam na experiência de vida de cada um.
E se um dia descobríssemos que a vida as vezes faz sentido e as vezes… não? Não dá para entender! Aconteceu porque tinha que acontecer! Dizemos: “logo comigo”? Não seria arrogância achar que a desgraça não pode chegar a mim, mas só ao outro? Não estaria eu me achando um ser especial, protegido pelo Universo, o único abençoado por Deus que não merece ser recompensado com a dor? Quanta mentira a religião tem criado para que o fiel esteja subserviente a “vontade de Deus” e aceite os males da vida como fruto de seus pecados? Sim, eu creio em um recompensador justo e creio que só Ele pode galardoar a cada um na medida certa! Mas isso faz parte de minha Fé e não tem relação com as experiências humanas, relativas que são. Mesmo em minha Fé, existe uma pergunta que deveríamos fazer: E se não existir recompensa alguma? Se um dia descobríssemos que tudo é uma falácia, uma mentira bem construída, uma história mal contada? Continuaríamos sendo quem somos, agindo como agimos ou o fato de não existir uma recompensa não nos dá mais o direito de “fazer o bem”? Quais são as nossas motivações? O céu, as riquezas, o sucesso, o fim que nos parece essencial ou um coração limpo e uma consciência pura que saiba que ainda que não haja recompensa, serei quem sou?
Anderson Luiz