“O medo dos poderes invisíveis, inventados ou imaginados a partir de relatos, chama-se religião”. (Thomas Hobbes)
Deus criado-mudo, serviçal dos humanos, empregado de suas vontades…
Deus criado e moldado conforme a imagem e semelhança das almas sedentas de poder, dinheiro, fama e glória.
Deus criado especificamente para atender vontades, satisfazer desejos e transformar as sombras humanas em sede de vingança.
Deus criado com intuito de gerar medo, provocar terror nas almas mais místicas e incapazes de viver sem a proteção de um impostor.
Deus criado, monopólio de uns poucos que sabem que enquanto manipularem essa mentira, dominarão multidões.
Deus criado, servo calado dos que dizem “assim diz o Senhor”, enquanto se sabe que o que dizem é fruto de seus corações falsos.
Deus criado e usado como mercadoria de troca, onde se diz que é preciso dar para receber, fazendo da religião um grande mercado e de seus líderes grandes mercadores.
Deus criado e bancado com grana, as vezes um banqueiro que empresta dinheiro a juros, e muitas vezes um negociante que tem com grande negócio a fé dos incautos.
Deus criado, careta e quadrado… moralista e sério demais para brincadeiras. Santo enquanto se está diante de olhos humanos.
Deus criado de inventores safados, hipócritas e mal-educados. Mandões que com suas falácias maldiçoam e põem no inferno as pedras que aparecem em seus caminhos odientos.
Deus criado e colocado na parede se a vontade não se concretiza. Deus encaixotado, manipulado e usado como isca para fisgar peixes que ficam no raso, tirá-los do mar da vida pra vendê-los a um aquário chamado religião.
Deus criado, sua melhor imagem é de um deus morto, preso em uma cruz, incapaz de se movimentar, um símbolo da derrota e do silencio.
Deus criado, enfeite de madame, pingente da sorte, nome poderoso de “bruxos do bem” que acreditam que dizendo a palavrinha mágica tudo será resolvido.
Deus criado, alívio de uma consciência atormentada que se crê salva em doses homeopáticas mediante visitas as “casas de deus” por aí a fora.
Deus criado, filhote humano que dá poder para se sentir superior a outros, olhando-os de cima, apontando pecadores nas esquinas e transformando o sagrado em profano.
Deus criado, guardião da chaves sagradas que entrega as chaves para os seus “representantes”, os porteiros do inferno que sabem quem entra e quem sai dos lugares obscuros de sua mente.
Deus criado e preso as letras de um livro, amarrado as páginas amareladas de um documento, transformado em tintas impressas em papiros.
Anderson Luiz