Por que sou a-político?

“O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição e sem a pressão da riqueza.” (Emma Goldman)

Hoje exerci a minha cidadania! Votei! Sinto-me um cidadão com o direito de mudar os rumos da minha “maravilhosa” Nação. E se meu candidato não cumprir o prometido, vou me sentir o grande responsável por ter lhe confiado meu voto. Grande piada! Será que sou cidadão apenas quando aperto um botãozinho com um barulhinho legal? Será que o meu voto junto ao de milhares é o responsável pelo mau-caratismo dos governantes? “Todo povo tem o governante que merece”? Se o meu candidato não vencer tenho autoridade para apontar o dedo na cara daquele que votou em um que não cumpriu suas promessas?

Há muito deixei de acreditar na política. Isso não quer dizer que não dou a mínima para ela. Não, não é isso! Não sou um analfabeto político! O problema é que sinceramente não me sinto mais responsável pela porcaria alheia de homens que dizem representar as vontades do povo. Simplesmente não acredito no poder, a não ser como algo metafísico, transcendental, inumano. Não acredito em um governo com autoridade sobre mim, capaz de decidir sobre mim e cercear minha liberdade. Por isso e somente por isso sou a-político! Mas não foi Aristóteles que disse que o homem é um animal político por natureza? Concordo, toda decisão humana é uma decisão política, mesmo sendo um “sem-política” (a-político) como eu. Quem me dera fossemos todos anarquistas! Quem me dera fossemos todos governados pela nossa própria consciência! Quem me dera se todo esse poder metafísico que chamam de Estado, Governo, Nação, Religião desaparecessem. Aliás, eles nem existem o que existem são seres humanos que se escondem atrás de suas nomenclaturas. Assim fica fácil culpabilizar!

Hoje exerci a minha cidadania! Votei nulo! E nem vem me dizer que eu estou me eximindo da minha responsabilidade como cidadão. Responsabilidade eu só tenho pela minha própria vida. E às vezes nem por ela me sinto responsável! Parasitas chegam e parasitas saem e nós estamos sempre a alimentá-los. Cada um vota naquilo em que acredita e no candidato que se identifica, não é isso! Há quem vote na opção religiosa de seu candidato. Há quem vote no seu partido político e sua ideologia. Há quem vote no carisma do político e nas suas promessas. Há quem vote na nulidade da política como eu. Não acredito que os governantes são representantes do meu anseio. Tenho esse direito nessa “democracia”, não tenho? Como votar em algo que desacredito? Como votar se os que pensam anarquicamente veem o Estado como um monstro que deve ser extirpado? Votei nulo, votei na nulidade do poder dos governantes na minha vida, mas sei da influência de seu “poder” na vida de quem lhes dá esse poder. Sou a-político! Sou o que poderiam me chamar de “anarquista”, apesar de odiar os rótulos! O poder só existe na cabeça daquele que não sabe de sua verdadeira origem!

Anderson Luiz